segunda-feira, 30 de novembro de 2009

LINHA DE CHEGADA...

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E nem cheguei a cruzar a linha de chegada!
A dois dias do fim do festival fui obrigada a abandonar a maratona...
De molho o fim de semana todo: eu e meus botões.
Meu corpo é cabeça dura, não me obedece e me enfrenta!
Mesmo quando a razão quer cegar a emoção, o corpo me vem com um espelho gigante.
Preciso entender mais sobre o que há em mim. Ignorar só atrasa tudo...
Pausa obrigatória.
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sábado, 28 de novembro de 2009

...MA-RA-TO-NAAAA!

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TERCEIRO DIA - SEXTA FEIRA, 27 DE NOVEMBRO DE 2009.

Hoje os shows foram no mesmo lugar, em dois ambientes.

CENTRO CULTURAL MARTIM CERERÊ foi o escolhido para abrigar toda a estrutura. Foi a vez de dar cara de festival ao evento! Tendas, lojinhas, bar e um desfile de estilos interminável. Ok... alguns bem duvidosos...Mas cada um na sua. Aprendi a ver na diversidade uma beleza que me atrai bem mais que aquela do senso comum. Admiro cada vez mais quem se arrisca, apesar de não gostar de nada que pareça montagem. Bom senso nunca é demais. Se for sair de casa vestida de onça, é melhor justificar a escolha e agir como uma!

(parênteses sobre mim: acho que estou cada vez menos em cima do muro nas coisas todas).

Enfim... voltando ao festival... LOTADO! Sucesso total! Muito bacana o que vi hoje. Fui sozinha, vestindo preto, jeans, cabelos presos, justamente para tentar ser a "mosquinha" da situação. Foi minha noite de observações, de anotações e fotos mil (o material disso tudo ainda vai se justificar...). Preciso dizer que este ano vi muito mais qualidade no que ouvi do que nos anos em que participei. Não foram muitos, porque nunca estava na cidade, mas é muito bom ver a evolução não só do evento, mas também das bandas independentes. Senti hoje saudades ferozes de um microfone e pela primeira vez pensei seriamente em aprender algum outro instrumento que a tendinite não me impeça. A música latejou dentro de mim como nunca. Talvez efeito da minha solidão proposital. Era isso mesmo que eu queria: só eu e ela.

Como foram várias bandas nos dois palcos, escolhi o "the best of" para postar.

Rock de primeira com a GUISO, do Chile. Destaque para o charme inconstestável da baixista, que curtiu tanto o palco que contagiou todo mundo. Muuuito bom o som!

MQN e WALVERDES... cerrado e pampas... adivinha no que deu? Explosão total! Som sem defeitos e um dos shows de rock mais redondos que eu já vi. E isso não tem nada a ver com técnica ou erros e acertos de acordes. Tem a ver com rock´n roll... Pedras rolando. Foi um encontro perfeito! Eu adorei o resultado!

Para fechar a noite e o post... MÓVEIS COLONIAIS DE ACAJU! Acredito que foi o show mais disputado da noite. O calor insuportável valeu a pena para assistir de camarote! A mobilização do público foi tanta que eu que não sei nenhuma música de cor, tive vergonha! ahahaha... Mas me diverti igualmente e anotei o site... Na próxima, com certeza vou ter os dois cd´s memorizados, porque não é de hoje que eu gosto do som que eles fazem. Indescritível mistura de metais! Vale a pena conferir: www.moveiscoloniaisdeacaju.com.br.

Mais uma vez indo dormir ao cantar do galo, daí que eu percebo os trinta cada vez mais perto...

Faltam dois dias, meu Deus! Vambora!

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sexta-feira, 27 de novembro de 2009

....MARATONA!!!

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SEGUNDO DIA - QUINTA-FEIRA, 26 DE NOVEMBRO DE 2009.

Segundo dia e a maratona continua!

Começou na verdade não tocando música, mas falando de como tocar e sobreviver disso. Música é emoção, mas é preciso também ser razão para leva-la adiante. Alguma semelhança com qualquer outro assunto na vida?

A BRASIL CENTRAL MUSIC trouxe MARTIN ATKINS (USA) para partilhar experiências e falar do livro TOUR: SMART. Foi a largada da corrida do dia. Vários produtores e músicos reunidos. O cara é uma lenda! Oportunidade única, com certeza!

Escolhi novamente o palco da BRASIL CENTRAL MUSIC para a primeira apresentação da noite. Foram duas apresentações no teatro do CENTRO CULTURAL GOIÂNIA OURO, tradicionalíssimo. Mais uma vez, lotação esgotada.
A banda goiana CEGA MACHADO encheu de cores e luzes o palco do teatro. Com convidados especiais como por exemplo o Alemão, da Coró de Pau. Percussão, violão e instrumentos regionais deram o tom. O convidado da rabeca (o de chapéu, simpatia em pessoa no palco!) vai ficar sem créditos porque só ouvi o nome dele uma vez e não me lembro... Se eu descobrir, edito o texto!).

A segunda apresentação foi a união do norte com o sudeste. SIBA (PE) e ROBERTO CORRÊA (MG). Viola e rabeca. Tom de nostalgia entre muitos ali. Música de caboclo. Histórias da vida musicadas.

A noite seguiu com duas opções simultâneas de programação. Do centro da cidade direto para o palco GOIÂNIA NOISE, onde o rock´n roll já envolvia a noite que não teve hora para acabar. No BOLSHOI PUB (um dos lugares que mais gosto daqui, com tietagem admitida) o palco foi disputado por três apresentações decrescentes do viceral à balada romântica (para terminar a noite, melhor impossível!).

Não consegui chegar a tempo de ver a primeira apresentação, mas ainda ouvi o último solo de guitarra da goiana JOHNNY SUXX AND FUCKING BOYS . A foto fica como registro.

A segunda banda, a paulista DETETIVES me conquistou de cara. Letra e música. Momento de curtir a noite, soltar o corpo. A câmera pendurada no pescoço não queria parar de clicar. No final de cada música eu já cantava o refrão! Muito bom!

A terceira banda foi a parceira do resto da noite. RICARDO KOCTUS (baixista da Pato Fu) trouxe a banda de Minas Gerais para apresentar seu trabalho solo. Baladas românticas com solos rock´n roll. Rolou até cover de Elvis Presley. O "bis" durou umas quatro sessões, mas a festa teimou em acabar ali e nem a banda nem ninguém queria ir dormir ainda. Resultado... Todos direto para o METRÓPOLIS, e ainda deu tempo de pegar a discotecagem, que foi do rock ao pop. Os Thiago´s dançando Mandonna foi imperdível, guardei o vídeo censurado... quem sabe um dia eu poste...ahahaha

Noite bacana, interminável. Apesar de não estar aqui escrevendo sobre trabalho, impossível não comentar que fiquei satisfeitíssima com o meu nesta segunda noite. Com certeza vai render muitos frutos! E da-lhe DVD no mercado!

Bom dia, dia... Dê-me algumas horas que daqui a pouco estou pronta outra vez...

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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

MARATONA!

************************************************************************************ PRIMEIRO DIA - QUARTA-FEIRA, 25 DE NOVEMBRO DE 2009.

Um aglomerado de pessoas grita nas grades do Teatro Madre Esperança Garrido. Os ingressos se esgotaram. As luzes, o burburinho, e a cena tinham cara de estréia em tapete vermelho. O mais curioso é que o evento sempre foi tachado de "alternativo", mas o que se vê cada vez mais é que a massa tem sede.

Trata-se do primeiro dia de shows do GOIÂNIA NOISE FESTIVAL, que em sua 15ª edição teve mesmo sua cara de tapete de vermelho, e eu adorei! Este ano o evento acontece em parceria com o BRASIL CENTRAL MUSIC e em lugares diferentes simultaneamente nos primeiros dias. Para mim a premiér foi mesmo neste teatro. Estavam ali as raízes que se desenvolvem depois em árvores diversas.

Três shows que mostraram a música como parte da essência humana.

JURAÍLDES DA CRUZ fez a abertura bem humorada e caboclamente inteligente musicando palavras do cotidiano. Muitos da nova geração que ainda não tinham sido apresentados à terra batida, brilhavam os olhos ao provar ali o gosto do fruto maduro do cerrado.

Saindo dos palcos e quase se misturando à platéia, um espaço foi improvisado na entrada do teatro para trazer para perto o VIDA SECA. De sucatas vieram sons estranhamente familiares. Nas roupas gastas e dos braços de batuque, um grito daquilo que vem de dentro. Memorável apresentação de deixar o pulso latejante!

Para o encerramento uma verdadeira aula de música com o mestre. HERMETO PASCOAL e GRUPO NAVE MÃE fizeram um som contemporâneo e cheio de improvisações com notas nada básicas. O teatro lotado em silêncio ouvindo o "vovô", como ele mesmo disse, contar seus causos e ensinar que a música é sua religião. "- Deixa vir, deixa vir... É isso aí, ó! A gente escreve a música só depois que ela nasce!" - E foi assim, deixando nascer de dentro, que comecei minha maratona para o festival, que vai percorrer ainda estilos inusitados, transformações e adaptações criativas.

Os sons que chamamos MÚSICA nasceram misturados ao meu sangue.

"- Você não é daqui, é?"

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terça-feira, 24 de novembro de 2009

SIM, IMPORTA!

************************************************************************************* E esse é para te dizer das coisas que nos tem acontecido e que você já chama de amor...

Pisar a grama úmida com pés descalços, escorregar e me ver amparada nos teus braços, fazendo o suspiro virar gargalhada.Tampas e panelas - e eu usava roupas de ginástica!

Me ver no seu olhar só me faz ter a certeza de que você está se vendo no meu, e hoje é isso o que mais me importa: transparência. Não há entre nós nada de importante que não tenha sido dito. O mistério está no que nasce, não no que morreu - e é surpreendentemente bom te ouvir e te falar.

Desconstruir, moldar, convidar, escutar suas teorias sobre mim até mudar de cor... E acontece quase sempre.

Ás vezes fico sem jeito contigo, ás vezes fico desse jeito só meu e você me leva amando somente, rindo de mim e das caras que eu faço. Me imita, me irrita, me agarra e tenta sutilmente me convencer que não tenho forças para me soltar se você me beijar o pescoço.

Me ensina a mim mesma sob a sua perspectiva. Ás vezes puxa um cacho dos meus cabelos. Ás vezes me cheira a nuca. Ás vezes encosta seus dedos nos meus e esquece eles ali alguns segundos. Me desarma, desfaz meus punhos cerrados. Por onde quer que me leve, altera na hora exata a garupa e a condução. Não há nada em mim que você não explique com suas invenções bem humoradas!

Como hesitar em te ouvir se você sempre espera a solidão de nós dois chegar pacientemente, só para conversar comigo sobre meus textos, falem de ti ou não? Não importa ou você sabe que quanto mais eu falo, mais me esvazio do que não é você?

Companherismo, carinho, incentivo, gargalhadas, danças, almas despidas e inteiras. O novo vem sem moldes, vícios, mágoas e mentiras.

Onde tudo isso vai dar?! Hoje, num texto só seu... Para você saber que sim, tudo isso importa!

Você, que está minando em mim inteligentemente, sem rasgar, trincar ou arrebentar nada que seja "eu"... Você muito me importa!

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segunda-feira, 23 de novembro de 2009

CIRANDA

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Presunção ou consciência, não me importa.

O fato é que tenho admirado cada dia mais os meus defeitos e aprendido que são o contrapeso das minhas medidas.

Compreendendo a razão da existência de cada um deles, ou ao menos sabendo quais estão por ali, em volta da fogueira esperando para dançar a própria dança, é bem mais fácil compor letra e música.

A diversão é o arranjo e a divisão dos pares!

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quinta-feira, 19 de novembro de 2009

EXPLOSÃO!!!

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A ansiedade dura só até o estouro.

Explodir faz multiplicar o peso único em partículas minúsculas que se espalham, e voltar ao chão é fincar os pés como nunca. Há ali mãos por toda parte segurando a barra da minha saia de babados.

Olho de cima e dou um sorriso de adeus. Minha alma não é densa o bastante para resistir a ser brinquedo do Vento.

Fecho os olhos e vou-me de vez, sem nada por dentro.

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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

GARGANTA

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Meu engasgo é com o que vem de dentro.

Não ouso deixar entrar mais nada de tão cheia que estou.

Bebo água à medida que vou perdendo, mas agora já não tenho mais o controle do quanto.

Te olhar nos olhos, poder descansar por alguns minutos, repousar a cabeça no teu peito, respirar fundo, várias vezes, até voltar o ritmo do pulso e sorrir sorrisos ainda mais verdadeiros...

Exausta, pingando suor e lágrimas, eu desafio meus músculos e não quero ter que parar antes de saber exatamente para onde estou indo. E é aí então que vou deixando de olhar toda a beleza do caminho que escolhi.

Se eu sei exatamente o que está havendo, não tenho o suficiente para mudar as coisas?
Afinal, que abismo é esse que há entre a consciência e a atitude que mesmo a mais segura ponte me intimida o percurso?

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terça-feira, 17 de novembro de 2009

DING DONG

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Levantar de sobressalto ao ouvir a campainha...

Gostar do desiquilibrio que faz o corpo se movimentar para se sustentar de pé...

A dor, o riso, o gozo, os fatos: as verdades da alma são repletas de arestas. Impossível lixar qualquer pedaço apenas para que eu caiba nalgum outro lugar que não seja o meu, ou para que eu comporte alguém que não me cabe.

De cara com cada porta, penso em pendurar nelas avisos e placas de identificação. Preciso comprar trancas novas e maçanetas também. Encontrar as chaves, providenciar cadeados e capachos de boas vindas.

Abrir...

Fechar...

Doer...

Doar...

"Não deixe portas entreabertas. Escancare-as. Ou bata-as de vez. Pelos vãos, brechas e fendas passam apenas semiventos, meias verdades e muita insensatez..." (Cecilia Meireles)

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sábado, 14 de novembro de 2009

PAGANDO AS CONTAS

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Fazia um tempo irresponsável que eu não via o dia nascer!

Então, ontem, antes do sol num dia azul bem claro, antes de dar uma volta turística na cidade que dormia cedo, antes de sambar "Essa Moça Tá Diferente" enquanto segurava uma tulipa pela metade, antes mesmo de receber o certificado das 16 horas de curso que passaram voando e não foram suficientes para tanta água represada entre os produtores goianieses reunidos, uma voz das que cantam por aqui como pepitas de ouro na areia, já quase cansada da peneira, disse sobre a mobilização cultural: "- Não sei compreender o que há com as pessoas hoje em dia que não se comovem com mais nada. Não sei se é o capitalismo que fez o mundo não ver nada de interessante em participar de algo em que a recompensa não seja exatamente em dinheiro, ou se a modernização foi fazendo tantos insensíveis." - e me pareceu a peça sumida do quebra cabeças.

Eu ainda lembro de pessoas que moviam céus e terra para cantar duas horas inteirinhas e serem premiados com cota de cerveja e uma mala cheia de momentos inesquecíveis junto ao público para se juntar à bagagem.

Lembro de gente que gerenciava bar aos trancos e barrancos com dedicação de proprietária e por mais de uma vez rateou contas do próprio bolso apenas pela satisfação de promover ali encontros interessantíssimos e prazerosos.

Pessoas que dedicavam as únicas duas horas diárias de descanso entre o trabalho, a faculdade e o sono, para ir contar histórias à crianças carentes que ainda não sabiam ler e ensinar brincadeiras novas que as deixassem ser crianças de verdade por uns instantes.

Lembro de gente que largou tudo o que tinha construido até então para ser parte natural das coisas porque entendeu que era esse seu chamado, ainda que para os outros o nome fosse apenas "loucura".

Não estou aqui dizendo que não é justo e necessário ter ganho e lucro financeiro com o trabalho que realizamos, ainda que seja também prazeroso. Todos precisamos ter com o que bancar a nossa dignidade. Mas continuo me perguntando o que há com as pessoas hoje em dia, que felicidade e sucesso não tem a ver com satisfação. E desde quando satisfação é sinômino leal de dinheiro?

Valores...

Madrugada inteira pontilhada de risadas, conversas interessantissimas, descobertas de semelhantes motivações, pessoas novas se achegando, passeio pelo caminho de todo dia com um olhar novo e sensibilizado e deixar o sol nascer morno no dia azul clarinho estabelecendo começo e fim enquanto os olhos ardiam de sono e o sorriso não cansava nunca.

Sempre foi a boemia das almas que transpiram cores, letras, idéias, formas, movimentos e música, que alimentou o mundo de soluções novas, mesmo que essa doação inconsciente fosse aos limites da exaustação do corpo e da mente.

Um brinde a todo começo de recomeço! A todo sopro de comoção que areja os pulmões! E que este brinde, com água ou champagne, seja sempre verdadeiro e mate a sua sede, a minha, e pingue no outro também!

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quinta-feira, 5 de novembro de 2009

ZERO X ZERO

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Dia nublado. Tempo e sensações.

Não chove nem faz sol, é um meio termo cinza e estranho, mas a estranheza é de uma beleza inegável, que cabe bem como uma pausa entre os extremos, um refresco que permite a regata e a jaqueta, o sorvete e a sopa, a oportunidade de não ser refém de temperatura e escolher apenas por escolha.

Em cima do muro o tempo vai ditando as regras do dia que demora a passar: um santo veneno entrar neste clima de sim e não.

É perturbador um jogo empatado.

Mas hoje eu não estou no olho do furacão, de cima do muro eu posso ver os dois lados e o dia de pular é apenas amanhã. Já?

Sem pressa vou deixando as nuvens sobrevoarem o céu, claras e escuras. Algumas lentas e outras velozes, elas ditam a luz do meu dia e no dia de hoje eu me deixo sorrir para tudo o que me encanta, flertando com os dois lados, sem enganos nem culpas, nem medo da felicidade.

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quarta-feira, 4 de novembro de 2009

DISPLICÊNCIA CONSCIENTE

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Como quem tem o corpo presente e a alma alada, fui colocar água no copo e fiquei olhando ele enchendo, enchendo, até transbordar e molhar minha roupa...

Loucura?

Não...Sede!

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terça-feira, 3 de novembro de 2009

PARA OS QUE SE FORAM E OS QUE FICAM

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Eu não lido muito bem com a morte.
Isso não é segredo nem confissão.
E por acaso alguém realmente lida?

O fato é que não escrevi ontem porque fiz de tudo para não lembrar o assunto, mas hoje, demorando tanto a escrever, percebi que algumas curvas no caminho são inevitáveis, e que eu não conseguiria prosseguir se não acompanhasse a estrada.

A morte leva de perto pessoas que nos são caras. Mas algumas delas estão mais presentes que pessoas vivas que nos rodeam. Estranho olhar para a vida e ver que algumas delas morrem sem morrer. Apenas deixam-se e as deixamos.

Com o coração cheio de pesar, quero aprender a pensar na morte mais com saudade do que com dor. Mas a saudade... ah! A saudade... Essa não tem data para acontecer.

É isso. Feriado de finados que foi ontem. É como a morte. Foi.

E as 24 horas seguintes passaram como um foguete...

Ensinamento para a vida toda: EU TE AMO não se diz amanhã.

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domingo, 1 de novembro de 2009

ESTRELADA

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As madrugadas me fascinam.

Existe nelas algo de poesia que em quaisquer dois segundos pode se revelar.

Não sei bem se é o brilho da lua, irresistível em todas as suas fases, ou a brisa mais fresca que quase se ouve assobiar.

Podem ser as luzes dos postes, emparelhadas sugestionando o caminho. Ou as dos carros passeando em dança - correndo para chegar ou partir.

Podem ser as vozes virando as esquinas, quase roucas - destilando os resquícios de diversão ou se fazendo enfeite de sussurros para os amantes.

Pode ser a quebra do silêncio aparente por aquele som de natureza viva vindo de algum inseto, desses que a gente ouve mas não vê.

Podem ser as estrelas e a ilusão de que o brilho delas nos pisca em aceno, nos dizendo que sempre haverá algo de mistério nesta vida que a gente teima em achar que conhece bem...

(Tela de Van Gogh - A Noite Estrelada, 1889)

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