sexta-feira, 25 de setembro de 2009

LUTO!

************************************************************************************
Não há palavras para descrever um momento como este... De indignação, de tristeza e de fome de viver... Tudo misturado!
Há apenas uma razão para eu não ter escrito ontem... A ansiedade e a espera de notícias por uma amiga que estava desaparecida.
É triste saber que um ser humano pode ser cruel assim como foram com minha amiga. "Foram"... Não sabemos quem, quantos, sexo, onde nem como exatamente aconteceu toda essa barbárie... Só sabemos que eles mataram uma pessoa doce e de forte presença, que evidentemente lutou o quanto pôde, e que a cada um de nós que a conhecíamos deixou uma impressão para vida toda. E apesar de ter sede de justiça, nada mudará o fato de que ela deixou de existir aqui ao nosso lado.
A mãe da Polyanna, entre desmaios e gritos de dor (não, minha intenção não é ser dramática, é ser realista quanto aos fatos), despediu-se de todos os presentes fazendo um apelo público ao microfone, para que todos dissessem EU TE AMO olhando nos olhos enquanto é tempo...
A cada vez que perco alguém assim na vida, também sinto essa vontade súbita de sair abraçando forte todos os que eu amo e conhecendo mais, mais, mais, mais, mais, mais... Porque talvez, como ela, eu não consiga dizer adeus...
*******************
"Choveu demais naquela noite, por aqui alagou até os últimos andares do prédio mais alto da cidade.Parece que agora temos uma cidade inteira submersa, brinco de pirata descobrindo alguns tesouros em vidas alheias. Mas a vida alheia cansa, cansa de um jeito que já nem sinto meus pulmões de baixo dessa água toda.Tudo enferrujou, as grades, as chaves, os anéis, e até os dedos dos meus pés e os ossos das minhas costas... cansada e enferrujada até não poder mais destravar os dentes.Piratas não gostam de tesouros pequenos. Encontrei ontem aquilo que procurávamos há tanto tempo, acho que não funciona mais, tentei dar corda mas até isso enferrujou ou congelou, não sei, os fios de água todos muito finos e gelados, em lascas de vidros brilhantes que quase cortam as mãos enquanto tateiam.Estava mesmo no prédio da esquina, como você havia dito. Desculpa não ter tentado lá antes. Agora não adianta , não funciona mesmo. Tentei aquecer em laços, lã e cetim, tentei ler uma historia bonita, cantar uma música, até respiração boba a boca...A chuva, deixou úmidos demais, os seus e os meus olhos.Sonhei que a gente havia conseguido fazer as coisas voltarem ao normal, enxutas e cotidianas daquele jeito que faz a rotina ser mágica... mas nada funciona, nada mesmo a vida inteira enferrujou nas nossas mãos... como os sonhos, as nossas historias e aquilo que temíamos.... o seu sorriso!"(Polyanna Borges)

2 comentários:

  1. Oi! Vi seu blog dia desses e não pude ler, marquei no "seguir" pra ler depois, o depois foi hoje. Fiquei triste por chegar num momento tão difícil. Dei de cara com sua despedida. quero deixar aqui meu mais sincero sentimento. Que a sua dor e da família dela sejam amparados por Deus. Espero te ver um pouco melhor numa próxima visita.

    phalador.blogspot.com

    ResponderExcluir
  2. Obrigada!!! Pôxa, assim esperamos todos nós, não é... Mesmo na tristeza, seja bem-vindo! ;)

    ResponderExcluir